quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Contemplador do Cotiano Alheio

Tanto faz se o sol do meio dia queimar meu corpo ou a brisa da tarde acariciar minhas formas, tanto faz se a noite trouxer o intenso frio do inverno ou se a mais bela constelação se firmar no céu azul marinho, eu sempre estarei aqui, observando pacientemente a todos vocês que cruzam o meu implacável destino de ser solitário, mesmo contra minha vontade o que restou para a minha medíocre vida foi me transformar em um contemplador do cotidiano alheio, diuturnamente assisto o tempo passar lentamente, embora com a claridade de um dia de verão a cidade ganhe mais movimento, assim eu vejo as crianças com suas mochilas coloridas á caminho da escola, o taxista com o maior zelo manobrar seu estimado carro, a partida de xadrez chegar ao xeque mate entre velhos amigos, mas o que mais gosto é no final do expediente quando uma loirinha que trabalha no edifício em frente cruza a praça, aprecio a moça dos pés a cabeça, daria tudo para pelo menos saber seu nome, a visão da moçoila é uma das poucas alegrias que tenho, porque depois que ela passa sei que o período noturno vem rapidamente e traz consigo a escuridão necessária para um bando de notívagos que tem a lua como sua protetora, assim eu vejo beberrões que se equilibram entre postes e paredes, os mendigos que perambulam na esperança de conseguir um lugar seguro, viciados destruírem suas vidas, prostitutas serem exploradas por covardes cafetões, mas o que mais detesto são os pixadores que não possuem o menor respeito por mim atacando-me na calada da noite com seus sprays me emporcalhando e me expondo ao ridículo, sim senhores não se espantem, eu sou uma estátua, dessas que ficam pelas praças das cidades, sou esquecida, ignorada, dessa maneira o tempo tornou se o meu carrasco, a minha tortura, em minha vida só houve um momento de alegria, na inauguração quando todos teceram elogios sobre a minha beleza, bom há também os turistas que miram suas máquinas fotográficas e clicam oferecendo uns poucos segundos de atenção, exceto isso, sou a mais solitária das figuras, meu destino é ser desprezada por todos envelhecendo sem poder me mover, quanto às pombas que fazem suas necessidades em mim eu simplesmente não ligo, pois sei que como eu elas também são desprezadas por todos. 

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